quinta-feira, 6 de maio de 2010


Hoje acordei decidida a esquecer-te. Para dizer a verdade acho que não cheguei a dormir. Levantei-me da cama às 6h da manhã e fui tomar banho pensando que a água lavaria as marcas que deixaste no meu corpo. Não resultou. As cicatrizes são profundas demais. Depois vesti-me e tentei despir-me deste sentimento desigual. Mas ele está presente demais. No entanto não me ia deixar ir abaixo e estava decidida a esquecer-te. Saí de casa a correr sem comer nada, porque tu para além de ocupares todo o meu  coração e a minha cabeça, ocupas também todo o meu corpo, não deixando espaço para o sono ou para a fome. Ao chegar à escola tento concentrar-me em aprender e em compreender cada palavra que o professor diz. É difícil quando só tu ocupas a minha mente.

Confesso que não aprendi nada. Volto a casa à hora de almoço e ligo o msn na esperança apenas de te ver online, porque sei que não serei capaz de te falar outra vez. A tristeza abate-se sobre mim cada vez mais forte. Mas eu não vou desistir.  Não vale a pena comer. Olho para o meu horário e reparo que se voltar à escola vou ter aula de Educação Física. Talvez seja bom e eu consiga tirar-te da cabeça. Estamos a andar de patins mas eu não consigo ver por onde vou porque as lágrimas salgadas que derramo por ti estão a cegar-me. O vento que sinto a bater-me na cara e que faz as minhas lágrimas encontrarem-se com o meu cabelo preto, dá-me uma certa sensação  de liberdade.  Sinto que sou livre como uma águia  e que nem o céu é o meu limite. No entanto não é o suficiente porque sinto que ainda estou presa a ti. No balneário todas me para sorrir e que estão ao meu lado. Mas tu não estás e eu só consigo chorar.

Ao chegar a casa e ver que tas no msn  o meu coração bate depressa demais. Ponho as mãos no peito para tentar acalma-lo e digo para mim mesma baixinho que tudo ficará bem. Ele não me obedece. Eu não te falei, porque tenho medo. Não tenho medo de ti. Tenho medo de mim por ti. Tu és o meu passado com outros olhos. És a realidade que eu tanto temia enfrentar. És o anjo que eu temia que descesse do céu, para se encontrar comigo no inferno. Fiquei apenas a contemplar a tua fotografia e a escrever este texto. 

Eu não posso desistir. Não posso.  Ao jantar sentei-me à mesa sozinha e com um prato vazio à frente. Não tinha fome. Limitei-me a beber aquelas pequeninas gotas salgadas que nasciam nos meus olhos e percorriam a minha cara  acabando por morrer nos meus lábios. Eu queria que estivesses aqui para secar as minhas lágrimas e para me dizeres que nunca me deixarás cair. Para me dizeres que viveremos os dois no teu pequeno armário, em segredo, e que as nossas almas nunca irão envelhecer. No entanto tu não estás. E eu continuo aqui, inconsciente esperando por ti.

Já se fazia tarde e eu deitei-me, mesmo sabendo que não iria adormecer. Os meus olhos estão cansados e ardem, o meu coração bate forte demais porque a minha mente está ocupada com imagens tuas. Por muito que tente eu não te consigo esquecer. Agora imagino como tudo seria mais fácil se estivesses aqui.

Incrivelmente o sono começa a aparecer. Eu rendo-me a ele sem qualquer resistência. Acabo por adormecer e aí tu invades os meus sonhos sem pedir licença. Eu não me importo porque na verdade nunca houveram portas nem fechaduras para ti. Não sei se voltei a acordar, mas senti que apartir daí, ficaste ao meu lado, para toda a eternidade.

Este texto foi assassinado por várias lágrimas. Uma ainda me corre pela cara. Talvez esteja à espera de secar ou de ser beijada por ti.

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Partilho as minhas orações com todos aqueles que as quiserem ouvir. Para cada pecador há uma oração e só tu podes fazer a tua. Cada oração que escrevo tem um sentido diferente para quem a lê. Diz-me unicamente o que entendes das minha palavras pois isso da-me força para fazer cada vez melhor.